As palavras são como cerejas...

Tuesday, February 27, 2007

well..me and she...she and me..


Escolho o vestido, penteio o cabelo molhado com os dedos, chamo-as e vamos por fim para a praia. Ah verão! E as suas muitas festas!
A música soa por toda a noite brilhante, ondulante como as palmeiras, acompanhada de uma brisa suave e da maresia salgada, daquela que beija os corpos morenos. O meu corpo, todo ele embebido neste ritmo, balança, o vestido esvoaça e atravessamos a praia até ao lugar marcado. Tambores e uma guitarra tocam perto da fogueira. São milhares de pessoas, o cheiro de corpos salgados e amores de verão é inconfundível.
Dançamos e rimos, rapazes estranhos intrometem-se uma e outra vez, ora recebendo resposta, ora não, o tempo avança e a brisa da noite traz-me uma sensação de pele de galinha. Sento-me perto da fogueira. E é então que te vejo, tão entretido com a tua guitarra, num dedilhar tão hábil que faz parecer tudo o resto insignificante. E demoro-me em ti. Observo a tua pele morena, os teus braços fortes, o cabelo escuro caído sobre os olhos. Como é possível alguém ter uns olhos assim? Fico a ouvir-te, estupidamente fascinada, sem manter compostura ou elegância, suponho que é assim que deve ser, até que tu paras.
Subitamente embaraçada finjo procurá-las na multidão, tarde de mais, tu reparaste e ficamos os dois a olhar…
Sustenho a respiração. O mundo parou? Por minutos achei que a única coisa que girava era a minha cabeça. Ganho coragem e sorrio-te. És tímido mas retribuis, eu chego-me um pouco. E ficamos assim até ao fim da noite, até a fogueira ser só um fio de luz. Estou tão perto que consigo cheirar o teu perfume. Encosto-me a ti enquanto tocas aquela que me parece ser a musica dos deuses. Não pares de tocar, deixa-me só ficar assim…


22:00! E para variar vamos chegar atrasados! Sempre que arranjamos um contratozeco é isto! Putos despachem-se! Pego na guitarra, ligo o carro e sigo até á praia. Instalamo-nos ao pé da fogueira e começamos a animar a festa. O ambiente é incrível, milhares de raparigas dançam pela praia fora, é incrível como no verão é tão mais fácil apaixonarmo-nos, ou que quer que acontece nestas noites quentes, irresistivelmente atraídos pelos corpos bronzeados e semi-despidos! Belo verão. Tocamos noite a dentro, mais uma música, palmas, risos e eis que a vejo… Vestida de amarelo, pele bronzeada e o cabelo ondulado a cair plos ombros, dourado nas pontas pelo sol. Era para mim que olhavas? Ela fita-me com uns olhos esverdeados enormes e um sorriso como eu nunca vi. Porque não consigo deixar de olhar? Sorrio de volta. Tento tocar alguma coisa que a faça sorrir outra vez daquela maneira. Ela chegasse. O resto fica baço, está é para ti mas só se chegares mais um pouquinho… Encostas a cabeça no meu ombro e cheiro o teu cabelo. Tem cheiro de mar, camomila, coisas doces… cheiro de alguém único como eu senti que eras desde que te sentaste na areia com esses pezinho delicados. Fica. Toco até ser dia se preciso… Deixa-te só ficar assim.