As palavras são como cerejas...

Thursday, November 24, 2005

Espartilho



Estava a ouvir a minha mãe falar-me de um livro que leu recentemente, quando me ocorreu a ideia para o próximo texto: a questão da mulher perfeita, o corpo perfeito, a carreira perfeita, enfim, utopias!
Pois é ladies of the world somos constantemente bombardeadas com mulheres perante as quais a maioria de nós se sente inferiorizada, mulheres de peso ideal, pele sem borbulhas, rugas, cicatrizes ou coisas que tais! Além de serem bastante favorecidas pela genética contam também com um guarda-roupa para todas as ocasiões, uma excelente carreira, viagens aqui e acolá e é claro um marido ideal. E vendem-nos todo o tipo de estratagemas, elevadores para o sucesso que na verdade nos custam mais do que se tivéssemos optado pelas escadas.
Abrimos as revistas femininas e deparamo-nos com dietas ultra eficazes, cremes miraculosos e vestuário para o qual obviamente a nossa bolsa é insuficiente. Além disso ensinam também as difíceis artes da sedução e os dez passos para se ser bem sucedida! Curiosamente, apesar da quantidade de mulheres que lê essas revistas não vemos cada vez mais mulheres perfeitas a andar pela rua! Estranho não?
Há ainda o mundo fantástico das estrelas de cinema! Está certo que o cinema contempla a evasão, mas sonharmos desmedidamente com um mundo, um corpo, uma cara que não está ao alcance da maioria das comuns mortais só serve de frustração. E se alivia as mais frustradas, a maioria destas mulheres são exactamente como nós, as mesmas inseguranças, apenas contam com uma equipa fantástica de cabeleireiros, maquilhadores, estilistas, que ajudam a camuflar todos estes medos. Portanto não se martirize quando se olha ao espelho e não parece saída de uma capa de revista.
Se pensava que o tempo do espartilho já tinha terminado, desengane-se, ele apenas assumiu outra forma, num domínio muito mais doloroso, o psicológico.

P.S: Para vos mostrar que não sou só conversa, mostro-vos alguns factos, neste caso duas fotos, que comprovam os milagres que uma boa maquilhagem pode fazer! ;) Sim é a Whitney Houston!

Monday, November 21, 2005

Prenda no Sapatinho



Hmm…penso que se começa a tornar obrigatório escrever sobre aquilo que nos salta á vista todos os dias, que está em todos os lados: nas árvores, nos centros comerciais, na televisão, nas crianças que não pensam em outra coisa desde que começou a escola e nos adultos que tentam perceber como fazer o milagre da divisão, dividir o pouco que têm, em presentes para toda a família, claro que existem sempre excepções á regra!
Não, não pensem que vos vou falar do Natal dos pobrezinhos, do dar e receber, não! De textos desses já estão as páginas cheias assim como as vossas consciências que todos os anos levam uma boa ensaboadela dessas. Venho então falar-vos de uma coisa deveras pertinente e que parece surgir a par com o Natal e outras festividades do género.
É uma palavra grande e cara, como todos os grandes fenómenos sociais e é precisamente nesta altura do ano (em que supostamente o que conta é a intenção), que ele surge com toda a força. CONSUMISMO! É vê-los a desperdiçar dinheiro, a guerrear pela derradeira pechincha!
-Comprem! Comprem! – Parecem dizer as prendinhas na montra – Não interessa que não sirvamos para nada desde que sejamos bagatelas!
E compra-se tudo o que se consegue agarrar, prendas para mãe, primo, pai, avô e avó. Veja-se só! Até o canário da vizinha tem direito a presentinho. O importante já não é a intenção, ou as horas que passámos á procura de uma prenda perfeita, mas sim comprar, comprar, comprar, comprar… é necessário continuar?
Agora o que interessa é a quantidade, é ver as crianças a competirem: Quem teve mais prendas? Eu? Tu?
Toda esta ânsia parece ser insaciável, estendendo-se a todos os outros períodos semelhantes, como o São Valentim, a Páscoa, o Carnaval e ridiculamente a tradições que nem sequer têm lugar no nosso país, como é o caso do Halloween.
Meus amigos, isto de aderir ás modas americanas pode até ser de “nível”, mas não vamos cair no ridículo! Não calcemos de novo os sapatos pontiagudos!
A vida é muito mais do que comprar e Portugal tem paisagens melhores do que aquelas que encontram no Colombo ou Vasco da Gama nos vossos passeios de domingo.
Já agora: Feliz Natal!

Sunday, November 20, 2005

O beato


E eis que chegas
Em todo o teu esplendor
Pela rua pregas
Esse teu falso pudor

De falinhas mansas
Olhar malicioso
Levas no bico tenras crianças
Puxas lustro ao cabelo gorduroso

O espelho, sempre presente
O sorriso petulante
Para todos, um trausente
Para ti, um infante

Infames são as mentiras
Que insistes em pregar
Assim como essa barriga
Que teimas em ocultar

Ah! Velho, gordo, inútil
Infiel
Não vês que o tempo não volta atrás
E a vida é presa por um cordel!

A virtude em ti não se espelha
Nem mesmo a da honestidade
Emprenhas uma fedelha
Por um pouco de jovialidade.

Saturday, November 19, 2005

O mito



Todas as gerações têm os seus heróis, histórias por contar e musicas para recordar, pois bem, ele foi o marco da sua geração e das gerações seguintes, com as suas musicas carregadas de tolerância e consciência social ele despertou o mundo para novos horizontes.
Era um menino pobre que vivia em Trench Town e que depressa se deu conta de que era na música que encontraria a serenidade. Contudo as suas musicas eram tudo, menos serenas: “Get up Stand Up”, “I Shot the Sherif”, “Revoluttion” e “Redemption Song”, são algumas das musicas onde é obvia a aguda consciência política e social deste homem extraordinário que além de um dos maiores músicos de todos os tempos, se veio a revelar um incrível filantropo, para Robert Nesta Marley o importante não era enriquecer mas sim poder partilhar com os outros.
Foram grandes os seus feitos, talvez o maior de todos, a divulgação da religião Rastafari, que até aí permanecia praticamente esquecida e desprezada por muitos.
Rapidamente atingiu todos os pólos do mundo, despertando os mais curiosos e depressa os líderes políticos se aperceberam do alcance e significado da sua música, o que o tornou numa espécie de inimigo público. Nem assim a incrível voz de Bob Marley foi silenciada, cantando num dos maiores concertos de sempre, do qual uma multidão jamaicana, incrivelmente enraivecida inicialmente , saiu a cantar hinos de amor.
Cancro é o nome da cruel injustiça que roubou ao mundo um dos maiores homens de sempre. Bob Marley morreu aos 36 anos, mas a sua lenda permanece viva até hoje, assim como a duvida do que poderia ter feito.
Quando Marley cantou, a cultura Rastafari e todo um pais ganhou voz.
Esta é a minha homenagem ao mito.

“Emancipate yourselves from mental slavery
None but ourselves can free our minds.”

Preconceito


Antes de mais, há que considerar que o preconceito é um tema que vai muito além da questão das raças ou da opção sexual e está intimamente relacionado com a cultura/sociedade em que fomos educados. Cada estereótipo que nos foi incutido, repercute-se de forma positiva ou negativa nas nossas atitudes para com os outros, na nossa maneira de ver o mundo. Fomos educados de tal forma que sempre que nos deparamos com algo diferente, com algo que contraria o habitual isso nos chama a atenção. Afinal de contas, o homem é um animal de hábitos. A questão está na forma como reagimos/ encaramos essas diferenças.
Quanto á questão racial, penso que esta se tem vindo a esbater á medida que a emigração aumenta, assim como outros factores, somos habituados a conviver com indivíduos das mais diversas raças, passando em certos casos a encará-los como iguais e é aí que reside a beleza da diversidade: quando á intercâmbio, quando enriquecemos com a troca de culturas, posso até dizer que nos tornamos pessoas "melhores". Apesar de tudo isto, existem em todo o mundo milhares de pessoas, negros, hispânicos, árabes, não se iludam, brancos que continuam a ser discriminados, a passar por situações irreais, que nos permitem ver quão baixo pode ir a raça humana.
Temos de convencer-nos de que não existem raças boas ou más, existem sim pessoas "melhores" ou "piores". Não existem brancos que são extremamente rudes e mal-educados? Que matam? Que roubam? Perdoem-me a expressão mas todas as famílias têm uma "ovelha negra". Não podemos é esquecer que todos pertencemos a uma mesma raça, a Humanidade. Porque não tirar o melhor partido dela? Porquê ser etnocêntrico quando podemos ganhar muito mais com a igualdade?
Quanto á homossexualidade, bissexualidade, heterosexualidade e por aí, ou seja, as opções sexuais/opções de vida, eu não sou contra, mas acho que é anti-natura, isto é, caso não tenham ainda reparado, o homem e a mulher completam-se, em todos os sentidos. Logo, algo que contrarie isso, contraria a natureza humana. Isso é uma certeza. Mas quem somos nós para dizer o que está certo ou errado? Ou para votar alguém á eterna infelicidade apenas porque tem gostos/opiniões diferentes? Acho que temos de partir do ponto de que é algo diferente, devemos respeitá-lo e aprender a conviver com isso. Penso é que as pessoas que fazem essas mesmas opções não podem querer ser vistas como iguais, porque não o são. Não podem desejar casamento, adopção e esperar que os outros reajam como se nada se tivesse alterado, quem se sente diferente e se assume diferente tem de ter a coragem de ser encarado como tal. Para a terminar uso a frase que melhor descreve a minha opinião. Viva a diversidade, a riqueza que ela nos traz e a maturidade que nos permite.